Sombra e transgeracionalidade na depressão pós-parto
um olhar da psicologia analítica
DOI:
https://doi.org/10.21901/2448-3060/self-2025.vol-10.235Palavras-chave:
Depressão pós-parto, psicologia junguiana, maternidadeResumo
A depressão pós-parto é um fenômeno multifacetado que transcende fatores biológicos e sociais, possuindo raízes profundas na psique materna. Pela psicologia analítica, a maternidade pode ser compreendida como um rito de passagem, no qual a mulher vê-se diante de arquétipos do inconsciente coletivo, especialmente o arquétipo da Grande Mãe, e pode ativar conteúdos desafiadores, como o complexo materno sombrio. Esses aspectos podem desencadear sentimentos de inadequação, culpa e desconexão emocional, impactando o vínculo mãe-bebê e perpetuando possíveis padrões transgeracionais de sofrimento emocional. Este estudo discute a transmissão transgeracional na depressão pós parto, destacando como traumas maternos não elaborados podem emergir na experiência da maternidade. Além disso, explora-se o papel da sombra materna no desenvolvimento da depressão pós-parto, bem como a possibilidade de sua compreensão e elaboração como um caminho para a transformação psíquica. A partir de uma abordagem baseada na psicologia junguiana, argumenta-se que a depressão pós-parto pode ser um chamado do inconsciente e que é possível a vivência de um caminho no qual a mãe ressignifique sua história emocional e rompa com ciclos de sofrimento transgeracional. Com base nas contribuições de Jung, Neumann e autores contemporâneos, percebe-se que a maternidade, ancorada na integração da sombra, pode proporcionar não apenas um processo de cura individual, como também um legado de equilíbrio psicológico para as futuras gerações. Assim, a compreensão da depressão pós-parto sob essa perspectiva amplia as possibilidades de intervenções terapêuticas, enfatizando a importância do acolhimento, do cuidado e da ressignificação dos conteúdos inconscientes na jornada materna.
Downloads
Referências
American Psychiatric Association (APA). (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5a ed.).
Babetin, K. (2020). The birth of a mother: a psychological transformation. Journal of Prenatal and Perinatal Psychology and Health, 34(5), 1-15. Recuperado em 10 de novembro de 2025, de https://birthpsychology.com/article/sharing-space-the-birth-of-a-mother-a-psychological-transformation/.
Badinter, E. (1985). O mito do amor materno: do amor interesseiro ao amor incondicional. Nova Fronteira.
Balliet, A. C. (2024). Reclaiming the power of pregnancy: shadow work for women [Master’s thesis, Pacifica Graduate Institute]. ProQuest Dissertations Publishing.
Danylova, T. V. (2020). Perceiving the sacred feminine: some thoughts on the Cycladic figurines and Jungian archetypes. Anthropological Measurements of Philosophical Research, 17, 88-97. https://doi.org/10.15802/ampr.v0i17.206719.
Diamond, S. A. (1996). Anger, madness, and the daimonic: the psychological genesis of violence, evil, and creativity. State University of New York Press.
Engelken, E. (2021). The body as storyteller: how unconscious familial content lives in body symptomology [Thesis, Pacifica Graduate Institute ProQuest]. ProQuest Dissertations Publishing.
Federici, S. (2019). O ponto zero da revolução: trabalho doméstico, reprodução e lutas feministas. Elefante.
Fershtman, S. (2021). The mystical exodus in Jungian perspective: transforming trauma and the wellsprings of renewal. Taylor & Francis.
Gil, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social (6a ed.). Atlas.
Gutman, L. (2013). A maternidade e o encontro com a própria sombra. BestSeller.
Iaconelli, V. (2020). Mal-estar na maternidade. Paidós.
Jung, C. G. (2000). A dinâmica do inconsciente. Vozes. (Trabalho original publicado em 1960).
Jung, C. G. (2000). O desenvolvimento da personalidade. Vozes. (Trabalho original publicado em 1954).
Jung, C. G. (2007). Os arquétipos e o inconsciente coletivo (OC, Vol. 9/1). Vozes. (Trabalho original publicado em 1959).
Jung, C. G. (2011). O eu e o inconsciente. Vozes. (Trabalho original publicado em 1928).
Jung, C. G. (2013). Tipos psicológicos (OC, Vol. 6; 16a ed., M. C. Jung, Trad.). Vozes. (Trabalho original publicado em 1921).
Jung, C. G. (2014). Aion: estudos sobre o simbolismo do Si-mesmo (OC, Vol. 9/2). Vozes. (Trabalho original publicado em 1951).
Laufer, B. (2024). Uncovering the act of maternal infanticide from a psychological, political, and Jungian perspective. Routledge. https://doi.org/10.4324/9781003412809.
Levin, E. (2020). Exploring the mother-father-child triad: a fresh insight on the roots of latent violence. International Journal of Prenatal and Life Sciences, 1-40. https://doi.org/10.24946/IJPLS/20.22.00.00.160322.
Lévy-Bruhl, L. (1985). O sobrenatural e a natureza na mentalidade primitiva (A. C. S. Chaves, Trad.). EPU. (Trabalho original publicado em 1927).
Marty, F. (1991). A mãe suficientemente boa: ensaios sobre a saúde psíquica. Escuta.
Moraes G. P., Lorenzo, L., Pontes, G. A., Montenegro, M. C., & Cantilino, A. (2017). Screening and diagnosing postpartum depression: when and how? Trends in Psychiatry and Psychotherapy, 39(1), 54-61. https://doi.org/10.1590/2237-6089-2016-0034.
Neumann, E. (2021). The great mother: an analysis of the archetype. Princeton University Press. (Trabalho original publicado em 1955).
Newsome, R. (2023). Writing-as-shadow-work: an aesthetics of Jungian psychoanalysis [Thesis]. Research Repository. https://salford-repository.worktribe.com/output/1587506/writing-as-shadow-work-an-aesthetics-of-jungian-psychoanalysis.
Oliveira, M. (2005). O sagrado feminino e a psique. Vozes.
Perry, C., & Tower, R. (2023). Jung's shadow concept: the hidden light and darkness within ourselves. Routledge.
Petric, D. (2023). Psychological Archetypes. Open Journal of Medical Psychology, 12, 1-16. https://doi.org/10.4236/ojmp.2023.121001.
Roulleau, M. (2023). Postpartum depression: healing through archetypes and the expressive arts therapies [Thesis]. [Repositório Institucional. https://digitalcommons.lesley.edu/expressive_theses/646.
Rudashevsky, T. L. (2024). Birthing the unconscious: understanding trauma, maternal health, and the potential for healing in childbirth [Dissertation]. ProQuest Dissertations Publishing.
Snyder, H. (2019). Literature review as a research methodology: an overview and guidelines. Journal of Business Research, 104, 333-339. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.07.039.
Van Gennep, A. (1960). The rites of passage (M. B. Vizedom & G. L. Caffee, Trans.). University of Chicago Press. (Trabalho original publicado em 1909).
Vivas, E. (2021). Mamãe desobediente: um olhar feminista sobre a maternidade. Editora Timo.
Walls, Y. (2023). A shadow phenomenon and a mosaic of light: historical ancestral trauma and transformative eudaimonic states [Thesis]. ProQuest Dissertations Publishing.
World Health Organization (2017). Depression and Other Common Mental Disorders. Global Health Estimates.
Zharylgapov, Z., & Syzdykova, B. (2023). The concept of archetype in literature and Jung’s theories. Bulletin of the Eurasian Humanities Institute, (3), 172-182. Recuperado em 10 de novembro de 2025, de https://ojs.egi.kz/BULLETIN/article/view/240.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Self - Revista do Instituto Junguiano de São Paulo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A Self adota a licença Creative Commons “Atribuição 4.0 Internacional”, classificada como Licença de Cultura Livre, que permite a cópia e distribuição dos trabalhos publicados em qualquer meio ou formato e permite que outros transformem, façam adaptações ou criem obras derivadas para todos os usos, mesmo comercial, desde que seja dado o devido crédito à publicação. Mais detalhes em http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/.
Ao submeterem trabalhos para a revista, os autores aceitam os termos desta licença e concordam em ceder os direitos autorais do manuscrito para a publicação. Junto com o trabalho, os autores devem enviar o documento de transferência de direitos autorais devidamente assinado.







