EDITORIAL
DOI: 10.21901/2448-3060/self-2018.vol03.0004

 

Self: um ciclo virtuoso

 

Self: A virtuous cycle

 

Self: un ciclo virtuoso

 

 

Desde que foi lançada, em 2016, a Self – Revista do Instituto Junguiano de São Paulo – vem sendo acolhida por leitoras e leitores dos mais diferentes países: Estados Unidos, Canadá, México, Portugal, Irlanda, Itália, Alemanha, Suíça, Holanda, Ucrânia, Rússia, Israel e, claro, Brasil.

A acolhida também pode ser percebida pelos números de acessos aos trabalhos publicados. Em 2016, mais de 14 mil acessos; em 2017, mais de 18 mil; agora, nestes primeiros meses de 2018, 1.300 visualizações. E aqui não se trata de números frios, muito pelo contrário: cada vez que uma pessoa acessa a plataforma da Self e se interessa por um artigo, resenha ou estudo de caso e decide seguir adiante com a leitura do texto, demonstra uma atenção, uma abertura para o novo, para uma proposta diferenciada de abordagem da psicologia analítica.

A Self vem construindo uma ponte sólida entre o fazer científico e o saber junguiano, respeitando as particularidades dos dois modos de ver e descrever o mundo. Eis a marca de inovação que a Self traz.

Até meados de 2017, foram firmados os pilares de sustentação, com calma, serenidade e até certa delicadeza, mas sempre com foco na solidez dessas bases. A partir de 2017, a Self abriu-se ainda mais para o mundo e convidou estudiosos de outros campos do saber para colaborar com a construção da passarela que une a produção do conhecimento científico com a reflexão junguiana.

Foi assim que a publicação passou a contar com avaliadores Ad hoc de outras áreas, como história da arte e literatura.

A maneira como esses estudiosos receberam a Self, entendendo e abraçando sua proposta, reforça a clareza de sua missão de divulgar, disseminar e promover o intercâmbio do pensamento junguiano e contribuir para o desenvolvimento da produção científica no campo da psicologia analítica.

A boa recepção da Self por parte do mundo acadêmico-científico também ficou bem marcada quando, ainda em 2017, com pouco mais de um ano de vida, a publicação foi indexada no Ulrich’s, base de dados internacional que reúne publicações acadêmicas que apresentam qualidade científica, originalidade e relevância em sua área de estudo.

Esses números e reconhecimentos mostram que a Self vem trilhando caminho certo. Indicam ainda que o pensamento junguiano e as reflexões possibilitadas a partir dele estão em posição privilegiada neste princípio de século 21 porque respondem aos anseios de muitos. De fato, o pensamento junguiano gera visão de mundo e, por isso, faz diferença no coletivo. A simples atribuição crescente de importância ao inconsciente, especialmente ao inconsciente profundo e arcaico, já é em si uma demonstração da busca sedenta por significado que acomete o ser humano contemporâneo e que os muitos leitores da Self parecem confirmar. A importância dos conteúdos inconscientes surge tanto nos grandes momentos de transição das nossas vidas, quanto nas pequenas ações e acontecimentos do cotidiano. Esses conteúdos relativizam a nossa fantasia consciente de onipotência sobre as coisas da alma. Nós somos existentes que precisam explicar e significar a sua própria existência, mas não somos capazes de fazer isso sem a ajuda dos outros e sem a integração de aspectos profundos de nossa psique inconsciente.

Após esses dois anos de Self fecha-se um ciclo e a editoria científica passa para novas mãos, com a certeza de que os alicerces da publicação estão firmes e de que a ponte seguirá sendo construída, com novos movimentos.

Despeço-me aqui da editoria científica da Self esperando ter contribuído para a sua existência. Participar do nascimento desta revista e dos seus primeiros anos de vida foi sem dúvida uma experiência singular, uma daquelas vivências que fazem nossa vida adquirir significado.

Atendo agora ao chamado coletivo do Instituto Junguiano de São Paulo para ocupar o lugar de representante do grupo e certamente ninguém pode ter a pretensão de exercer duas funções tão exigentes ao mesmo tempo. Passo assim, com grande orgulho e confiança, a editoria científica da nossa querida Self à Paula Daré e ao Candido Vallada. Pessoalmente, desejo que seus dias à frente da revista sejam tão significativos quanto foram para mim.

 

Ricardo Pires de Souza

Presidente do Instituto Junguiano de Sao Paulo