ARTIGO DE REFLEXÃO
DOI: 10.21901/2448-3060/self-2022.vol07.0004

 

O uso de psicodélicos como acesso à consciência primária e sua relação com a teoria dos arquétipos

 

The use of psychedelic drugs to access primary conscience and its relationship to the theory of archetypes

 

El uso de psicodélicos como acceso a la consciencia primaria y su relación con la teoría de los arquetipos

 

 

Guilherme Silva GONÇALVES

São Paulo, SP, Brasil

 

 


RESUMO

O objetivo deste artigo foi o de estabelecer relações entre a teoria dos arquétipos de Jung e os resultados de pesquisas com o uso de substâncias psicodélicas, uma das formas de se retornar a um estado de consciência ancestral, também chamada de consciência primária. O artigo explorou e comparou o conceito de arquétipo junguiano com a ideia de uma consciência primária, baseada na Entropic Brain Theory. Na psicologia analítica, um dos principais temas arquetípicos trata da morte por dissolução e renascimento do herói, interpretado como a representação simbólica de uma reorganização psicológica. Paralelamente, em um estado de consciência primária, a pessoa pode vivenciar temas arquetípicos historicamente associados a experiências místicas – como a dissolução do eu e o sentimento de união com o todo – e, em muitos casos, pode vivenciar ainda mudanças psicológicas positivas.

Descritores: psicologia analítica; inconsciente coletivo; neurociências; neuropsicologia; alquimia; psicofarmacologia.


ABSTRACT

The purpose of this article was to establish the relationship between Jung's theory of archetypes and the findings of researches regarding the use of psychedelic drugs. This is one of the ways to return to the ancestral consciousness, also called primary consciousness. The article explored and compared the Junguian concept of archetype with the idea of a primary consciousness, based on the Entropic Brain Theory. In analytical psychology, one of the main archetypical themes deals with the hero's death by dissolution and rebirth, interpreted as the symbolic representation of a psychological reorganization. At the same time, in a state of primary consciousness, the individual can experience archetypical themes which are historically associated to mystical experiences - as the dissolution of the self and the feeling of union with the whole - and, in many cases, can also experience positive psychological changes.

Descriptors: analytical psychotherapy; collective unconscious; neurosciences; neuropsychology; alchemy; psychopharmacology.


RESUMEN

El objetivo de este artículo fue el de establecer relaciones entre la teoría de los arquetipos de Jung y los resultados de pesquisas con el uso de substancias psicodélicas, una de las formas de volver a un estado de consciencia ancestral, también llamada consciencia primaria. El artículo examinó y comparó el concepto de arquetipo junguiano con la idea de una consciencia primaria, basada en la Entropic Brain Theory. En la psicología analítica, uno de los principales temas arquetípicos trata de la muerte por disolución y renacimiento del héroe, interpretado como la representación simbólica de una reorganización psicológica. Paralelamente, en un estado de consciencia primaria, la persona puede vivenciar temas arquetípicos históricamente asociados a experiencias místicas - como la disolución del yo y el sentimiento de unión con el todo - y, en muchos casos, pueden vivenciar también cambios psicológicos positivos.

Descriptores: psicoterapia analítica; inconciente colectivo; neurociencias; neuropsicología; alquimia; psicofarmacologia.


 

 

Introdução

O conceito de arquétipo, equivalente psicológico a um padrão de comportamento humano que envolve formas instintivas de organizar a experiência, pode se manifestar, por exemplo, durante os sonhos.

De acordo com os neurocientistas Jaak Panksepp e Lucy Biven (2012), as redes cerebrais ativas durante a produção dos sonhos seriam as mesmas responsáveis por um padrão de consciência ancestral, ou primária, anterior ao surgimento da consciência moderna. Nesse estado, a pessoa fica muito mais propensa a vivenciar temas arquetípicos historicamente associados a experiências místicas, como a dissolução do eu e o sentimento de união com o todo, e, em muitos casos, com mudanças psicológicas positivas. De maneira similar, um dos principais temas arquetípicos na psicologia analítica trata da morte por dissolução e o renascimento do herói, interpretado como a representação simbólica de uma reorganização psicológica. A partir dessa comparação, pode-se dizer que existe relação entre certos temas arquetípicos e a consciência primária.

O objetivo deste artigo foi o de estabelecer relações entre a teoria dos arquétipos junguianos e os resultados de pesquisas com o uso de substâncias psicodélicas, uma das formas de se retornar a um estado de consciência ancestral, também chamada de consciência primária, de acordo com a Entropic Brain Theory.

 

O conceito de arquétipo

Jung desenvolveu o conceito de arquétipo após sua longa experiência com pacientes psiquiátricos. Ele começou a notar que certos padrões se repetiam nas produções psíquicas dos pacientes independentemente da cultura ou do lugar do mundo onde eles se encontravam (Jung, 1958/2013, p. 269, §. 565). Esses padrões apareciam tanto em delírios quanto em sonhos individuais e refletiam temas mitológicos recorrentes encontrados ao redor do mundo. Isso levou Jung à conclusão de que tais semelhanças temáticas não podiam ser de origem pessoal, mas sim de origem coletiva, ou seja, uma espécie de estrutura psicológica instintiva característica do ser humano, que está na base das produções mitológicas de toda a humanidade (Jung, 1958/2013, p. 269, § 565). Essa ênfase nos fatores instintivos em detrimento de explicações estritamente personalísticas (Jung 1946/2013, p. 126, § 373) foi uma das grandes marcas da teoria junguiana.

Ainda há muita confusão entre os arquétipos e as imagens arquetípicas. Assim, vale destacar que não são as representações que são instintivas, mas sim as formas que estão na base destas representações, os temas subjacentes.

O que sobretudo dificulta a compreensão é, muitas vezes, a opinião estúpida de que o arquétipo significa uma ideia inata [...] Os arquétipos são formas típicas de comportamento [destaque do autor], que, ao se tornarem conscientes, assumem o aspecto de representações, como tudo que se torna conteúdo da consciência. Porque se trata de modos caracteristicamente humanos, já não é de se espantar que possamos encontrar formas psíquicas, nos indivíduos, que ocorrem não somente nos antípodas, mas em outras épocas distantes de nós, centenas e milhares de anos, às quais estamos ligados unicamente através da arqueologia (Jung, 1946/2013, p. 177, § 435).

As formas psíquicas, que existem como possibilidades de organização da apercepção, manifestam-se especialmente quando os recursos da consciência não são suficientes para lidar com a situação, como no encontro com fenômenos desconhecidos. Esse foi o caso dos alquimistas lidando com a matéria no laboratório ou dos astrólogos observando as estrelas: eles projetaram temas arquetípicos sobre esses fenômenos que, até então, permaneciam misteriosos (Jung, 1943/[1953]/2013, p. 218, § 253).

Quanto mais conhecemos sobre um objeto específico, mais retiramos as projeções iniciais: as estrelas se tornaram corpos celestes desprovidos de personalidade e a matéria foi descrita como fruto da interação entre átomos. Entretanto, nos momentos existenciais críticos, os arquétipos voltam a se expressar como sempre fizeram (Jung, 1937/[1954]/2013, p. 115, §. 141), assim como os instintos se manifestam quando as funções cognitivas não são suficientes para lidar com a situação (Davis & Panksepp, 2018, p. 77).

A compreensão dessas reações instintivas, os arquétipos, e de seus objetivos coloca o indivíduo em uma melhor posição para se comunicar com elas, sem ser arrastado cegamente por um instinto que pode, inclusive, destruí-lo. Portanto, a questão não é reprimir os instintos e as ideias arquetípicas e tratá-los como ilusões, mas sim, entender seus objetivos e contribuir para sua realização da melhor forma possível, pois a negligência dos instintos inevitavelmente termina em patologia (Jung, 1912/[1942]/2014, pp. 109-110, § 156).

Entre os temas arquetípicos que Jung descreveu está o do herói que deve enfrentar o dragão/baleia e vencê-lo, o que envolve, inicialmente, ser engolido. Uma variação deste tema é a descida ao submundo (morte) e o renascimento (Jung, 1935/2013, p. 53, § 80). O tema do herói que morre e renasce pode ser relacionado a padrões de comportamentos instintivos.

 

Arquétipos e a consciência primária

Para os neurocientistas Jaak Panksepp e Lucy Biven (2012), o padrão de funcionamento cerebral associado aos sonhos, chamado de Rapid Eye Movement (REM), é similar ao padrão de funcionamento de uma consciência mais instintiva, ligada às regiões subcorticais.

As redes excitatórias do REM aparentemente são mais antigas que os nossos sistemas de vigília do tronco cerebral. Para este paradoxo fazer sentido, nós podemos considerar que uma forma primitiva de estado de vigília emocional tenha evoluído antes do tipo de estado de vigília que nós associamos com a função neocortical [...] Em outras palavras, na história evolutiva, a consciência primária básica pode ter existido exclusivamente como um tipo de sonho em estado de vigília, cheio de excitações emocionais (Panksepp & Biven, 2012, pp. 376-377).

Da mesma forma, Jung defendia que os arquétipos antecedem o surgimento da consciência do ser humano contemporâneo e que continuam a funcionar na base desta, tornando-se presentes de maneira mais intensa quando esta consciência é interrompida (Jung, 2013/1929, p. 69, § 125), como durante o sono:

[...a] comparação de motivos típicos com os motivos mitológicos nos permite supor - como já o fizera Nietzsche - que o pensamento onírico é uma forma filogenética anterior de nossa consciência [...]. Nosso organismo conserva os traços de sua evolução filogenética. O mesmo se dá com o espírito humano. Por isso nada há de espantar quanto à possibilidade de que a linguagem figurada dos sonhos seja um vestígio arcaico de nosso pensamento (Jung, 1928/2013a, pp.197-198, § 474-475).

Além disso, para Jung, as expressões do inconsciente, como os sonhos, também estão intimamente ligadas com as emoções: "São uma espécie de linguagem que medeia entre a forma pela qual nos exprimimos conscientemente e um modo de expressão mais primitivo, mais colorido, mais figurativo e concretista, em poucas palavras, uma linguagem que traduz diretamente sentimentos e emoções" (Jung, 1961/2013, p. 225, § 469).

Um dos problemas associados à pesquisa com arquétipos é o fato de que estas estruturas estão vinculadas a temas historicamente associados ao misticismo, assunto do qual os cientistas querem se ver totalmente exorcizados. O próprio Freud, ao investigar o inconsciente, sentiu essa possibilidade, criando um sistema materialista para se proteger da "maré negra do ocultismo" (Jung, 1957/2013, p. 34, § 530). Jung argumentou que essa numinosidade ligada à manifestação dos arquétipos vem da intensa carga afetiva destes instintos, que arrebatam a personalidade e causam efeitos profundos sobre o sujeito (Jung, 1946/2013, p. 154, § 405).

A numinosidade ligada aos arquétipos, como todas as emoções intensas, é ao mesmo tempo desejável e perigosa (Jung, 1946/2013, p. 154, § 405). Assim, o ser humano sempre buscou maneiras seguras de ativar esses instintos para experimentar esse padrão de consciência mais instintiva, e os afetos decorrentes, em seu aspecto positivo. Como exemplo, temos as várias formas de se entrar em um estado de transe ou consciência rebaixada, como os rituais religiosos, a meditação, as danças circulares, o jejum, as iniciações e também o consumo de psicodélicos.

 

Psicodélicos e experiências místicas

Os estudos com psicodélicos têm sido particularmente importantes para a psicologia do inconsciente, pois trata-se de uma forma de recriar experiências similares aos sonhos em estado de vigília e observar seus efeitos em um ambiente controlado. O termo psicodélico, cunhado pelo escritor Aldous Huxley em conjunto com o psiquiatra Humphrey Osmond, vem do grego e significa "revelador da mente", indicando que, sob o efeito dessas substâncias, aspectos latentes do funcionamento mental se manifestam (Carhart-Harris et al., 2014).

O padrão de funcionamento cerebral causado pelo consumo de psicodélicos também é similar ao padrão cerebral ligado ao sono REM (Roseman, Nutt, & Carhart-Harris et al., 2018) e invoca, de maneira consistente, elementos universalmente descritos nas experiências místicas, como vem sendo demonstrado em pesquisas com a psilocibina (Roseman, Nutt, & Carhart-Harris et al., 2018) e a DMT (Carhart-Harris, Leech, & Hellyer et al., 2018). Ao tratar de experiências místicas, esses estudos se referem somente ao aspecto fenomenológico, não tendo a intenção de endossar ideias metafísicas ou sobrenaturais. Essa abordagem é similar à de Jung, que se concentrava nos aspectos psicológicos das experiências religiosas, sem entrar em questões metafísicas (Jung, 1938/ 2012, p. 22, § 10).

Para mostrar a relação dos fenômenos descritos em experiências místicas e o consumo de psicodélicos, Griffiths et al. (2016) e Roseman, Nutt, e Carhart-Harris et al. (2018) usaram os instrumentos Mystical Experience Questionnaire (MEQ) e o Altered States of Consciousness Questionnaire (ASC). Estes instrumentos baseiam-se em componentes universais desse tipo de experiência, relatados ao redor do mundo todo, independentemente do contexto religioso ou cultural.

O MEQ foi desenvolvido por William Richards e Walter Pahnke (Pahnke & Richards, 1966; Pahnke et al., 1970). Os componentes medidos por esse instrumento são (a) senso de unidade ou unificação, (b) transcendência do tempo e do espaço, (c) humor profundamente positivo, (d) senso de grande admiração, reverência ou maravilhamento, (e) plenitude de sentido por insight psicológico ou filosófico e (f) inefabilidade e paradoxalidade.

Já o ASC foi desenvolvido por Dittrich (1998) e seus componentes mais relevantes, relacionados a experiências místicas, são o medo da dissolução do ego e o sentimento oceânico, que pode ser dividido em quatro subfatores: insight, estado de beatitude, experiência de unidade e experiência espiritual. A presença desses componentes na experiência dos indivíduos que participaram de experimentos com substâncias psicodélicas foram preditores de mudanças psicológicas positivas, como a remissão de sintomas depressivos resistentes a outros tipos de tratamentos (Griffiths et. al, 2016; Roseman, Nutt, & Carhart-Harris et al., 2018).

Muitos dos componentes descritos nessas escalas também foram citados por Jung como qualidades das experiências arquetípicas. Para Jung, o senso de unidade ou unificação está ligado à interrupção, ou retraimento, do estado de funcionamento habitual da consciência:

Psicologicamente falando, é correto dizer que se alcança a união quando o indivíduo se retrai do mundo da consciência reflexa. Não há mais tormentas na estratosfera do inconsciente, por que aí nada se acha diferenciado a ponto de ser capaz de provocar tensões e conflitos (Jung, 1939/2013, p. 37, § 799).

A transcendência do tempo-espaço foi relacionada ao arquétipo do si-mesmo, representante da totalidade psíquica: "Já constatei muitas vezes que as manifestações espontâneas do si-mesmo, isto é, o aparecimento de alguns de seus símbolos, trazem consigo algo da intemporalidade do inconsciente, o que se exprime através de um sentimento de eternidade ou de imortalidade" (Jung, 1946/2012, p. 202, § 531).

O senso de grande admiração, reverência ou maravilhamento pode ser comparado com a numinosidade inerente às expressões arquetípicas: "[...] os arquétipos, quando surgem, têm um caráter pronunciadamente numinoso [destaque do autor], que poderíamos descrever como 'espiritual', para não dizer 'mágico'" (Jung, 1946/2013, p.154, § 405).

Os insights filosóficos e a plenitude de sentido também foram ligados aos arquétipos: "Ele mobiliza concepções filosóficas e religiosas justamente em pessoas que se acreditam a milhas de distância de semelhantes acessos de fraqueza [...] tal experiência traz consigo uma plenitude de sentido [destaque do autor] até então considerada impossível" (Jung, 1946/2013, p.106, § 405).

A inefabilidade também é um sentimento relacionado ao confronto entre consciência e o inconsciente (Jung, 1952/2012, p. 128, § 756), assim como a paradoxalidade da conjunção de opostos: "Via de regra, trata-se de símbolos 'de unificação', isto é, de conjunções de opostos [...]. Eles surgem do entrechoque da consciência com o inconsciente e da confusão causada por este choque [...]" (Jung, 1950/2013, p. 234, § 304).

O medo da dissolução do ego, descrito no ASC, também é característico do contato com o inconsciente, que pode ter efeito desintegrador sobre a consciência (Jung, 1931/2013, p. 41, § 48).

Como dito, esses componentes característicos das experiências místicas foram associados ao padrão de funcionamento cerebral causado pelo consumo de psicodélicos, similar ao que ocorre no sono, durante a fase REM (ligada aos sonhos), e nas psicoses (Carhart-Harris et al., 2014), duas fontes importantes, utilizadas por Jung para elaborar seu conceito de arquétipo (Jung, 1958/2013, p. 296, § 565).

Percebe-se assim que todos esses fenômenos estão ligados por um padrão similar de funcionamento cerebral. Este padrão também é predominante nos primeiros anos da infância e, possivelmente, era o estado de consciência principal do homem em um estágio evolutivo anterior (Carhart Harris et al., 2014). Na Entropic Brain Theory (EBT), ele é chamado de consciência primária, uma vez que precede o desenvolvimento da consciência de estado de vigília do adulto moderno, chamado de consciência secundária.

 

A Entropic Brain Theory (Teoria do Cérebro Entrópico)

Resumidamente, de acordo com a EBT, a consciência primária é um estado marcado pela alta conectividade e imprevisibilidade do funcionamento cerebral, ou seja, é um estado de alta entropia (desordem). O estado de consciência normal do adulto, chamado de consciência secundária, é atingido pela supressão dessa entropia através da atividade da Default Mode Network (DMN), rede cerebral que envolve estruturas como o córtex pré-frontal e o córtex cingulado posterior. Uma das funções dessa rede é organizar a comunicação entre diferentes partes do cérebro por meio da sua interação sincronizada com os lobos temporais. Esse funcionamento sincronizado é o que possibilita o estado consciente organizado e autorreflexivo, criando padrões, ou caminhos, mais previsíveis de conectividade neuronal. Por isso, a DMN foi considerada como a base neurológica da "integridade do eu", que pode ser definida como a sensação de uma identidade estável (Carhart-Harris et al., 2014).

Uma das consequências do consumo dos psicodélicos clássicos é a diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e do nível de oxigênio no sangue em algumas das regiões da DMN. Dentre as regiões em que essas mudanças foram notadas estão o córtex pré-frontal medial, o giro frontal médio e o hipocampo. Outra consequência observada é a diminuição da potência oscilatória em áreas corticais de associação, como o córtex cingulado posterior. Assim, os psicodélicos alteram a consciência pela desorganização da atividade cerebral, atuando em áreas chave da DMN (Carhart-Harris et al., 2014).

A dessincronização entre a DMN e os lobos temporais torna o funcionamento cerebral muito mais aleatório, fazendo-o retornar a um estado de consciência primário, permitindo uma comunicação entre partes do cérebro que normalmente não se comunicam. Isso dá origem ao estado chamado de criticalidade, um estado metaestável de organização, posicionado entre a ordem e a desordem, marcado pela alta afetividade e sensibilidade a perturbações (Carhart-Harris et al., 2014). Daí a importância de se experimentar tais estados em um ambiente controlado. O setting terapêutico para esses experimentos normalmente inclui música (Roseman, Nutt, & Carhart-Harris et al., 2018), que também é um elemento fundamental em rituais tradicionais com psicodélicos, como nas cerimônias onde se consome ayahuasca.

 

Os efeitos psicológicos do consumo de psicodélicos

A DMN cria padrões de comportamento que se tornam parte da identidade do indivíduo. Assim, sua desativação temporária, com o uso de substâncias psicodélicas, contribui para uma maior flexibilidade mental e comportamental que, por sua vez, possibilita que o indivíduo pense e aja de maneiras diferentes das habituais, experimentando novas possibilidades (Nutt et al., 2020).

Por interferir com a integridade da DMN, os psicodélicos possibilitam um repertório maior de atividade cerebral, uma variedade mais ampla de exploração de padrões de conectividade funcional, coativação de redes cerebrais normalmente mutuamente exclusivas, níveis aumentados de conectividade funcional entre as redes intermediárias e, no geral, um conjunto mais diverso de interações neuronais (Swanson, 2018).

Os psicodélicos mostraram-se benéficos nos tratamentos de transtornos que envolvem a internalização de pensamentos e hábitos negativos, como a depressão, anorexia, transtorno obsessivo compulsivo, entre outros.

Na depressão, os pacientes continuamente ruminam sobre seus fracassos, reiteram pensamentos de culpa, e se engajam em narrativas internas de autocrítica. Nos vícios, o objeto do vício assume o papel do pensamento negativo na depressão, levando a comportamentos que são específicos, restritos e rígidos; o adicto rumina no alívio causado pelo objeto, como consegui-lo, como pagar por ele etc. O racional para se usar psicodélicos em casos de TOC e anorexia é consistente, dado que nestas condições existe ruminação sobre pensamentos intrusivos, por exemplo, sobre contaminação ou consumo inadequado de calorias. Os psicodélicos provavelmente funcionam desregulando a atividade de sistemas e circuitos que codificam esses hábitos de pensamento e comportamento, permitindo que eles se recalibrem conforme os efeitos agudos da droga rescindem (Nutt et al., 2020).

De maneira similar, um dos principais objetivos da terapia junguiana é a reorganização da atitude consciente. Jung define atitude como "[...] uma disposição da psique de agir ou reagir em determinada direção" (Jung, 1921/2013, p. 432, §. 768). A mudança de atitude é necessária quando ela não se adequa mais ao contexto atual da vida do indivíduo, seja por mudanças externas (ambiente), seja por mudanças do próprio indivíduo, por exemplo, nas fases de seu desenvolvimento. Esta adaptação ocorre em duas fases: "1) Chegar à nova atitude. 2) Completar a adaptação por meio da nova atitude [...]" (Jung, 1928/2013b, p. 44, § 60).

A mudança de atitude é, inclusive, um dos objetivos da análise dos sonhos: "O sonho retifica a situação e acrescenta o material que ainda lhe está faltando, e, deste modo, melhora a atitude do paciente. Eis aí a razão pela qual temos necessidade de análise do sonho" (Jung, 1928/2013c, p. 200, § 482).

Assim como as experiências de reorganização psicológica relacionadas ao consumo de psicodélicos estão vinculadas a temas universalmente associados às experiências místicas (Griffiths et. al., 2016; Roseman, Nutt, & Carhart-Harris et al., 2018), Jung observou em muitos dos seus pacientes, que passaram pelo processo de mudança de atitude, o surgimento de conteúdos inconscientes que incluíam temas paralelos à mitologia, à religião e até mesmo a tratados alquímicos, sobre os quais seus pacientes possuíam pouco ou nenhum conhecimento (Jung, 1943/2012).

 

Psicodélicos e temas alquímicos

Um dos principais temas arquetípicos descritos por Jung é o da morte do herói e seu subsequente renascimento:

Arquétipo significa um 'typos' (impressão, ou marca-impressão), um agrupamento definido de caráter arcaico que, em forma e significado, encerra motivos mitológicos, os quais surgem em forma pura nos contos de fada, nos mitos, nas lendas e no folclore. Alguns desses motivos mais conhecidos são: a figura do herói, do redentor, do dragão (sempre relacionado com o herói, que deverá vencê-lo), da baleia ou do monstro que engole o herói. Outra variação desse mito do herói e do dragão é a katábasis, a descida ao abismo, ou nekya [...]. O mito da nekya encontra-se em toda a Antiguidade e praticamente no mundo todo. Expressa o mecanismo de introversão da mente consciente em direção às camadas mais profundas da psique inconsciente. Desse nível derivam conteúdos de caráter mitológico ou impessoal, em outras palavras, os arquétipos que denominei inconsciente coletivo ou impessoal [destaque do autor] (Jung, 1935/2013, pp. 52-53, § 80).

Como foi dito, a EBT propõe que a consequência do uso de psicodélicos é o retorno a um estado de consciência primária, análogo ao funcionamento da mente no início da infância e no homem em um estágio anterior da evolução. Jung também associou o inconsciente coletivo a um estado de consciência primordial, que antecede o surgimento da consciência do eu, mas que continua a funcionar na base desta (Jung, 1934/2013, p. 148, § 285).

Portanto, a introversão em direção às camadas mais profundas do inconsciente coletivo pode ser relacionada, sem grandes dificuldades, a um retorno ao estado de consciência primária. Os efeitos positivos deste retorno também são similares, envolvendo uma reorganização da consciência, mais adaptada ao contexto presente. Em linguagem simbólica, essa reorganização é representada como morte e renascimento.

Esse tema, da morte e renascimento do herói, está presente desde os primórdios da civilização, sendo, por exemplo, um dos elementos universais das iniciações xamânicas (Eliade, 1951/2004, p. 33).

Na literatura alquímica, um tema análogo é a morte do rei, sua dissolução nas águas do caos, que funciona como uma purificação, e o surgimento de uma personalidade renovada, o rei Sol (Jung, 1956/2012, p. 149, § 185). O Quadro 1 demonstra como Jung interpretou o significado psicológico do mito.

 

Quadro 1.Fases do processo alquímico de morte e renovação do rei
Fonte: reprodução (Jung, 1956/2012, p. 152, § 188).

 

De acordo com Jung, caso os alquimistas dispusessem dos conceitos da psicologia, eles poderiam descrever a renovação do rei como uma mudança na atitude, ou dominante, da consciência (Jung, 1956/2012, p. 147, § 180). Da mesma forma, pode-se imaginar que se Jung tivesse os conceitos neurológicos da EBT, possivelmente veria aqui uma analogia do processo da mudança de atitude com a renovação dos padrões de comportamento, possibilitada pelo consumo de psicodélicos que causa a desativação temporária da DMN (correlato neurológico do eu), um retorno a uma consciência mais instintiva e uma posterior reorganização dos padrões de pensamento/comportamento.

O medo da dissolução do ego é um dos possíveis efeitos colaterais negativos da experiência com psicodélicos (Griffiths et al., 2016). Os alquimistas também alertavam para esse perigo, pois havia a possibilidade do rei se dissolver permanentemente nas águas do caos, o que teria como consequência a loucura. Lê-se no tratado alquímico "Aurora consurgens" que aqueles que "não compreenderam as palavras dos sábios, pereceram devido à sua ignorância, por falta de discernimento espiritual". Egídio de Vadis afirma que "Eu silencio esta arte que induz ao erro a maioria das pessoas que nela trabalham, uma vez que poucas encontram (a meta), enquanto inúmeras são precipitadas por ela na perdição" (Jung, 1945/[1954]/2013, pp. 342-343, § 429).

Jung interpretou esse perigo do qual os alquimistas falavam como o risco de uma psicose, causada por um contato intenso com o inconsciente (Jung, 1945/[1954]/2013, p. 342, § 428), uma vez que os conteúdos do inconsciente podem ter um efeito desintegrador sobre a consciência (Jung, 1931/2013, p. 41, § 48). Um dos efeitos adversos possíveis associados ao uso de psicodélicos também é a psicose.

Assim, é interessante notar que os efeitos terapêuticos e os efeitos negativos ligados às experiências místicas induzidas por psicodélicos sejam similares aos produzidos pelas fantasias arquetípicas, e que ambas estão associadas à consciência primária. Devido à limitação de espaço, citamos aqui um único exemplo de um tema mítico de morte e de renascimento e seu paralelismo com a reorganização psicológica. Outros exemplos podem ser encontrados nas obras de Jung "Psicologia e alquimia" (1943/2012) e "Símbolos da transformação" (1912/[1952]/2013).

 

Cautela no uso de psicodélicos

Jung (1953/1990, p. 172) era cético quanto aos benefícios do uso de psicodélicos, como afirmou em uma carta escrita ao seu amigo Victor White. Jung acreditava que essas substâncias proporcionavam um contato muito intenso com o inconsciente, o que forçaria a consciência a um grande trabalho de assimilação posterior, para recuperar o equilíbrio.

Essa droga, o LSD, é a mescalina? De fato, ela tem efeitos muito curiosos - vide Aldous Huxley - dos quais eu sei muito pouco... Eu só sei que não tem sentido em querer saber mais sobre o inconsciente coletivo do que o que o indivíduo consegue através dos sonhos e da intuição. Quanto mais você sabe, maior o peso moral, pois os conteúdos inconscientes se transformam nas suas tarefas e deveres individuais assim que eles começam a se tornar conscientes... Há algumas criaturas empobrecidas, possivelmente, para quem a mescalina seria uma dádiva dos céus, mas eu sou profundamente desconfiado dos "presentes puros dos deuses". Você paga um preço alto por eles... Esse não é o objetivo, saber do ou sobre o inconsciente, nem a história termina aqui; ao contrário, é onde a busca real começa. Se você for muito inconsciente é um grande alívio saber um pouco do inconsciente. Mas logo se torna perigoso saber mais, pois não se aprende simultaneamente como balancear isso através de um equivalente consciente (Jung, 1953/1990, p. 172).

Jung considerava que, em casos de sujeitos muito distantes do inconsciente, essas experiências poderiam ter algum benefício. Entretanto, ele recomendava outros métodos de aproximação do inconsciente, como a observação dos próprios sonhos e outros produtos espontâneos gerados pela psique, sem o consumo de substâncias (Jung, 1953/1990, p. 172). Essa é uma diferença importante das concepções de Jung sobre os psicodélicos em relação às ideias atuais, que se concentram na remissão dos sintomas (Griffiths et al., 2016; Roseman, Nutt, & Carhart-Harris et al., 2018). Para Jung, as imagens tinham um efeito numinoso, mas deveriam ser integradas à consciência de alguma forma:

Minhas buscas científicas foram o meio e a única possibilidade de arrancar-me a esse caos de imagens; de outro modo esse material se agarraria a mim como ferrões ou me enlaçaria como plantas palustres. Procurei transformar cuidadosamente cada imagem, cada conteúdo, compreendendo-os racionalmente na medida do possível e, principalmente, procurei realizá-los em minha vida Deixamos as imagens emergirem, extasiando-nos talvez diante delas, e com isso nos satisfazemos. Poupa-se em geral o esforço de compreendê-las e o pior é que não se encaram as consequências éticas que elas suscitam. Desta forma aparecem os efeitos negativos do inconsciente (Jung, 1961/2016, p. 198).

Os alquimistas falavam da importância de um magneto (teoria ou símbolo desta) para se extrair as centelhas de luz da matéria-prima caótica (Jung, 1956/2012, pp. 304-305, § 360). Mesmo os xamãs, quando tinham experiências religiosas fortes, deviam integrá-las por meio de um longo estudo de sistemas mitológicos do seu povo, para serem reconhecidos oficialmente como curandeiros pela comunidade (Eliade, 1951/2004, p. 17). Nas sociedades tradicionais, a religião ocupava o papel de fornecer o mapa para se orientar nesse mundo das imagens primordiais. Nas sociedades modernas, onde muitos já perderam as religiões, a psicologia analítica pode funcionar como uma alternativa:

Não espero que nenhum cristão crente siga o curso destas ideias que talvez lhe pareçam absurdas. Não me dirijo também aos beati possidentes (felizes donos) da fé, mas às numerosas pessoas para as quais a fé se apagou, o mistério submergiu e Deus morreu Para compreender as coisas religiosas acho que não há, no momento, outro caminho a não ser o da psicologia; daí meu empenho de dissolver as formas de pensar historicamente petrificadas e transformá-las em concepções da experiência imediata. É, certamente, uma empresa difícil reencontrar a ponte que liga a concepção do dogma com a experiência imediata dos arquétipos psicológicos, mas o estudo dos símbolos naturais do inconsciente nos oferece os materiais necessários (Jung 1938/2012, p. 111, § 148).

Outra hipótese do autor deste artigo, que participou por muitos anos de grupos religiosos onde era feito o uso de psicodélicos, é a de que muitas pessoas que consomem essas substâncias, quando não possuem um frame de referência para entendê-las, sucumbem às imagens que surgem, inclusive com surtos psicóticos, como nos casos citados por James Hall (1985/2007), nos quais a pessoa se confunde com Deus:

A frequente experiência de "ser Deus", quando se tomam drogas psicodélicas como o LSD e a psilocibina, constitui a experiência do ego drogado de seu núcleo arquetípico no Si-mesmo, mas sem amarras na realidade para estabelecer um eixo ego-Si-mesmo estável (1985/2007, p. 18).

Por isso, o método interpretativo de Jung pode ajudar nesse tipo de problema, uma vez que ele cria uma ponte entre os elementos da consciência e aqueles do inconsciente, tratando-os a partir da perspectiva psicológica (Jung 1938/2012, p. 111, § 148). Mas, novamente, trata-se de uma hipótese. Corrigir a unilateralidade da nossa consciência deve ser um acréscimo aos nossos valores e não uma destruição dela. Assim, apesar de estarem se mostrando um recurso terapêutico com muitas possibilidades (Nutt et al., 2020), os psicodélicos ainda devem ser pesquisados cautelosamente, dentro de um ambiente controlado, como nos estudos feitos por Griffiths et al. (2016) e Roseman, Nutt e Carhart-Harris et al. (2018), antes de serem recomendados como alternativas de tratamento para condições psicológicas. Isso, porém, não invalida o uso religioso deste tipo de substância.

 

Considerações finais

Este artigo não teve como intuito usar os estudos com psicodélicos como forma de provar completamente a teoria dos arquétipos. Buscou-se aqui demonstrar que certos efeitos das fantasias arquetípicas, como a tonalidade mística e a renovação da atitude consciente, são característicos de determinado padrão de funcionamento cerebral, chamado pela EBT de consciência primária, e que, assim como os arquétipos, a consciência primária também está ligada aos sonhos e à psicose. A comparação com as fantasias alquímicas teve o mesmo objetivo: estimular a reflexão sobre o valor funcional dessas experiências místicas que estiveram no centro da civilização durante boa parte da história.

Os experimentos com a consciência primária mostram, assim como afirmava Jung, que certos elementos das experiências místicas não são construções sociais, mas sim provenientes de um padrão instintivo de funcionamento psicológico do ser humano que se manifesta em determinadas situações e possui valor terapêutico.

A pesquisa com psicodélicos abre inúmeras possibilidades para aprofundarmos a visão das neurociências sobre o conceito de arquétipo, por meio de estudos que demonstrem a relação entre o padrão de funcionamento cerebral característico da consciência primária e as experiências religiosas e seus temas arquetípicos. Destacamos aqui a importância de se investigar mais profundamente o tema e, a título de exemplo, sugerimos como uma possível metodologia a elaboração de um rol com os principais arquétipos descritos por Jung, estruturado por temas, para ser usado como referência na análise de relatos das pessoas que passam por essas experiências.

 

Referências

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Recebido: 03 ago 2021
1a revisão: 18 out 2021
Aprovado: 02 maio 2022
Aprovado para publicação: 29 maio 2022

 

 

Conflito de interesses: O autor declara não haver nenhum interesse profissional ou pessoal que possa gerar conflito de interesses em relação a este manuscrito.
Minicurrículo: Guilherme Silva Gonçalves - Graduado em psicologia pelas Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU. Presidente e membro fundador da Liga Acadêmica de Pesquisas e Estudos Junguianos - LAPEJ, da FMU. Membro do departamento de literatura do Instituto Junguiano de São Paulo - IJUSP. Psicólogo clínico. São Paulo/SP. E-mail: sg.guilherme00@gmail.com